Atualmente, as dores na coluna são uma das principais causas de procura aos consultórios médicos e uma importante causa de prejuízo (social e econômico), já que afeta em elevado grau de incidência a população na faixa etária mais produtiva. Isso sem falar no presenteísmo, que é quando o paciente vai ao trabalho, mas não consegue trabalhar adequadamente pela dor, gerando prejuízos de cerca de US$ 2 bilhões nos Estados Unidos, por exemplo.

Essas dores podem estar localizadas na região do pescoço, dorsal e/ou lombar ou irradiarem para cabeça, membros superiores e inferiores. Quando tem duração maior de 3 meses, costumamos definir essa dor como sendo crônica.

Vivemos uma era de epidemia de dores na coluna, principalmente nas regiões cervical e lombar, ambas relacionadas ao estilo de vida do homem moderno (sedentarismo, obesidade, dietas ricas em gorduras e carboidratos e pobres em nutrientes, tabagismo, estresse crônico, que aumenta o nível de substâncias inflamatórias no sangue, posturas incorretas que sobrecarregam a coluna como uso de celulares, tablets, computadores, deitar-se e sentar-se de forma incorreta, dentre outros). A postura de flexão cervical, por exemplo, que é dobrar o pescoço para frente, aumenta a carga em cerca de 26 Kg na coluna cervical!

Menino utilizando celular de forma incorreta.

Importante nos casos de dor na coluna é excluir os “red flags”, ou bandeiras vermelhas, que são sinais de que alguma coisa mais grave pode estar ocorrendo. Assim, dor após algum traumatismo, dor com febre, dor com história prévia de câncer, dor com fraqueza de algum membro ou perda do controle das fezes e urina, são alguns exemplos e precisam ser imediatamente avaliados por um médico especialista no assunto.

Além disso, muitas vezes temos dúvidas quanto à verdadeira causa daquela dor. E aqui vem um dado interessante: nem sempre é aquela hérnia que aparece na sua ressonância magnética! Por isso a importância de procedimentos como os bloqueios diagnósticos, em que injetamos pequena quantidade de anestésico local na estrutura que provavelmente está causando a dor. Se melhorar, podemos dizer que a dor vinha daquela estrutura e aí partimos para a reabilitação direcionada daquela região, ou ainda a complementação do tratamento com algum outro procedimento intervencionista.

Por isso, sempre que possível, tentamos descobrir a(s) causa(s) da dor para que, no curto e longo prazo, tenhamos o direcionamento mais específico do tratamento (com exercícios, algumas vezes com psicoterapias e determinados procedimentos intervencionistas minimamente invasivos). Lembrando que esses procedimentos são realizados através de agulha, com anestesia local, sedação e SEMPRE guiados por algum método de imagem: ultrassonografia ou raio-x.

Assim, reservamos o tratamento cirúrgico como último recurso, salvo nos casos em que a dor se apresenta com aqueles sinais de alerta do qual falamos. Na dúvida, consulte sempre um médico especialista no assunto e com certificação!