A neuralgia do trigêmeo se trata de uma das piores dores que o ser-humano pode sofrer! Ela aparece em um dos lados do rosto e se manifesta como crises repentinas de dor em choque, excruciante, de curta duração (alguns segundos a poucos minutos) geralmente desencadeadas por algum estímulo: mastigar, falar, barbear-se ou mesmo um leve toque (das mãos, de um tecido e até mesmo do vento ou da água do chuveiro!).

Qual é o nervo trigêmeo?

É um nervo craniano, uma parte fica dentro do crânio e outra fora dele. Ele possui 3 ramos sensitivos e um ramo motor. A parte sensitiva é responsável pela sensibilidade de cada lado da face. E dependendo do(s) ramo(s) acometidos, a dor vai se manifestar prioritariamente em uma determinada parte da nossa face.

nervos do trigêmeo

Representação dos 3 ramos sensitivos da face.

Quais são as causas?

Geralmente existe uma compressão do nervo trigêmeo logo na sua origem, ou seja, na parte em que o nervo começa seu trajeto dentro do crânio e acaba sendo comprimido por algum vaso sanguíneo. E a pulsação desse(s) vaso(s) sanguíneo(s) vai “machucando” o nervo na sua origem.

Quem tem maior tendência a apresentar a neuralgia do trigêmeo?

Embora qualquer idade ou sexo possa ser acometido, a incidência mais frequente ocorre a partir dos 40 anos, mas principalmente entre 50-70 anos. O sexo feminino é 1,5 vezes mais prevalente que o sexo masculino.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico, isto é, baseado na história clínica do paciente e no exame físico do médico (aqui devemos testar a sensibilidade, os diversos nervos cranianos e a força dos músculos da mastigação). Porém, um exame de imagem (o melhor é a ressonância magnética) sempre precisa ser solicitado porque precisamos excluir outras doenças que podem se manifestar como se fossem uma neuralgia do trigêmeo (idiopática): tumor, doença desmielinizante, problemas dentários, herpes-zoster, por exemplo.

Quais são os possíveis tratamentos?

O tratamento da neuralgia do trigêmeo se baseia no uso de um medicamento chamado carbamazepina. Embora existam outras drogas, a carbamazepina (e a oxcarbazepina) se mostraram mais eficazes.
Quando esse medicamento falha ou o paciente não tolera seus efeitos colaterais, temos os seguintes métodos de tratamento:
1. Microdescompressão vascular: é uma cirurgia realizada através de uma pequena abertura na região posterior do crânio que permite o acesso ao nervo trigêmeo e sua separação do vaso que o comprime.
2. Radiofrequência: aplicação de uma corrente elétrica no nervo trigêmeo por meio de uma agulha com o objetivo de anestesiar esse nervo.
3. Compressão por balão: também através de uma agulha, é introduzido um pequeno balão (chamado de fogarty) que comprime o nervo, o que provoca uma “anestesia” do mesmo.
4. Radiocirurgia: aplicação de radioterapia exclusivamente no nervo trigêmeo.

Finalmente, precisamos estar atentos com aquelas dores de dente que nunca melhoram após anos e anos de tratamento (pode ser neuralgia do trigêmeo), mas também com dores de um lado do rosto que vem acompanhadas de lacrimejamento, entupimento do nariz, inchaço ou ainda, dores que surgem após o aparecimento de bolhas no rosto (provavelmente NÃO é neuralgia do trigêmeo!) ou tantos outros sintomas.

O tratamento deve ser individualizado caso-a-caso e realizado SOMENTE por um médico experiente no assunto.